terça-feira, 1 de setembro de 2009

Queria voltar no tempo...


À época em que eu ainda sentia medo do escuro, já sentia pavor do motor do dentista e ainda não sentia medo de perder alguém. É, não sentia, porque ainda vivia na enebriante ilusão de que meus pais iam viver para sempre e que meu irmão ia sair de casa algum dia para eu reinar sozinho.


Ao tempo em que eu colecionava meus álbuns de figurinha (que eu nunca conseguia terminar); que eu brigava com meus primos por ciúme do meu super-Pai; que eu ia para as férias no interior do Ceará acordar bem cedinho ver as vacas sendo ordenhadas; que achava que eu nunca fosse conseguir dirigir um carro (que dirá em São Paulo).



Àqueles tempos em que eu achava que ia ser veterinário; que eu só queria tirar dez na escola; que eu brigava na rua porque perdia o jogo dos "sete-pecados"; que eu achava que nunca fosse andar de avião.


Não, me deixa por aqui mesmo. Deu muito trabalho chegar aqui!!!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Era uma sexta à noite. Um daquelas normais, igual a todas as outras, sem nada que tirasse do coração um suspiro mais forte. Uma noite de um jovem de classe média, bem sucedido profissionalmente, voltando do shopping com alguns reais a menos no bolso e alguns pacotes cheios de "muletas".

Para a angústia dos motoristas, o sinal fica vermelho. Os carros todos cessam o movimento nervoso e um homem com uma placa de quase um metro aparece entre os veículos.

O jovem, sem ler o que estava escrito no papelão, saca alguns trocados da carteira, baixa o vidro e entrega parte do que sobrou das compras ao pedinte.

Depois de um longuíssimo minuto de espera, o sinal fica verde e os motores voltam a acelerar. O jovem segue seu caminho de todos os dias.

Mas eis que algo de inesperado é sentido pelo pobre jovem. O pequeno burguês é tomado por uma vontade avassaladora de voltar, de olhar nos olhos daquele cara do papelão. Sentia-se quase magnetizado pela idéia de voltar e simplesmente conversar com aquele que lhe tirou algumas moedas a mais da sua carteira, sem que qualquer muleta levasse.

Num ímpeto, já quase entrando na garagem do prédio, o pobre jovem muda sua direção, liga a seta e volta ao bendito sinal. Chama o senhor da placa e começa a perguntar-lhe coisas que lhe vinham à cabeça, como se quisesse desesperadamente arrancar daquele senhor algo para si, algo que ainda não detinha.

Indaga-lhe os motivos da sua permanência na rua até aquele hora, escuta a história, pergunta-lhe pela família, pelo trabalho e impressiona-se não só com o que escuta, mas sobretudo com a postura daquele senhor. Fugia à tradicional manta de coitadinho e desemparado que qualquer pessoa sujeita a situação idêntica colocaria sobre si. O olhar e o sorriso daquele senhor transpassava a alma do pobre jovem de uma forma tão diferente, tão específica, que o fez pensar se tratar de alguém que já conhecia ou alguém que estava ali com um propósito maior.

A vinda do senhor para São Paulo decorreu exclusivamente da necessidade de tratamento de saúde de sua filha; o trabalho, ele aguardava a resposta de uma proposta no dia seguinte. A origem do senhor? Ele vinha da mesma cidade onde nasceu o jovem motorista.

O jovem saca mais um pouco de dinheiro da carteira ainda cheia, e vê o rico homem aos prantos agradecido pelo ato. Pede para que ele vá para casa e o vê logo em seguida contando o que acabara de lhe ocorrer aos frentistas do posto de gasolina.

Naquele noite fria, o pobre motorista foi dormir rico e cheio de vontade de virar gente de verdade.

O jovem nunca mais viu a placa de papelão naquel sinal.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

São 07:35 da manhã.

Silmara, obrigado pelo comentário super carinhoso. Logo na primeira postagem ter sua presença foi muito importante para continuar com essas minhas divagações.

Acordei cedo hoje e tomei banho olhando para a Anchieta completamente engarrafa às 06:30 da manhã. As aulas voltaram...O frio começa a passar, apesar da chuva repentina de hoje.

Vendo aquela multidão de gente enlatada direto do meu chuveiro fiquei pensando o que cada uma daquelas almas carrega logo no começo do dia.

A reunião às 08:00 hs, em que chegará atrasado, porque a pista deslisante fez todo mundo diminuir a velocidade?

A quantidade de papéis que encontrará sobre a mesa, todos cheios de problemas para resolver até 10:00hs?

O almoço com o chefe às 12:00hs, onde só se falará de metas, de dinheiro e da próxima viagem a Europa?

Ou seria sobre a audiência das 15:oohs, em que terá que se defender a empresa de plano de saúde que insiste em não cobrir o tratamento de HIV do paciente que paga R$ 400,00 por mês?

Não seria no curso de inglês às 18:00hs, que só se faz porque a empresa exige que seus funcionários tenham alguma língua estrangeira, mesmo que não se escreva uma frase inteira sem um erro de português?

E já se pensa em construir estacionamentos verticais, onde caibam 400 carros, porque na rua não cabe mais nenhum.

Bom dia chuvoso a todos.

domingo, 16 de agosto de 2009

Divagações Públicas

Sejam benvindos.

Não sei por onde começar. Nem sei se deveria. Vamos lá....

Hoje pela manhã, minha psicanalista me mandou uma mensagem de texto no celular, indicando a leitura de um texto entitulado "Brincadeira Séria". Vindo dela, tive a certeza que se tratava de algo inteligente.

Logo que cheguei em casa acessei o bendito Google, e vi que se tratava de uma crônica escrita por Silmara Franco no blog http://fiodameada.wordpress.com/.

Acessem a página e leiam o texto.

Enchi os olhos! Enchi os olhos de lágrima.

Abraços!